Um garoto de 10 anos foi atacado e morto por cães de guarda nesta
quarta-feira (25) em um terreno abandonado em Americanópolis, na zona
sul da cidade de São Paulo. Um rapaz de 20 anos que teria tentado
socorrer a criança acabou ferido e foi levado ao Hospital Municipal
Doutor Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara, também na zona sul.
Segundo testemunhas, Luiz Fernando Teixeira pulou o muro para pegar
uma pipa no terreno de uma empresa, por volta das 14h, e foi atacado por
seis cães (quatro pit bulls, um rottweiler e um vira-lata), que
"tomavam conta" do local. "A criança estava sozinha no momento do
ataque. Outra pessoa tentou salvá-la, mas foi mordida na perna e levada
ao hospital com ferimentos leves", afirmou o capitão da PM José Ferreira
Júnior.
Uma viatura da PM foi até o local assim que informada do ataque. Foi
feito um disparo contra um dos cães, que foi abatido. "Assim,
conseguiu-se acessar o menino. O socorro foi acionado de imediato",
disse Ferreira Júnior. O helicóptero Águia da PM foi até o local para
levar socorro até a criança, que não resistiu ao ataque. "Por cerca de
meia hora, tentou-se fazer voltar os batimentos cardíacos, mas foi
infrutífero, ele morreu no local e agora estamos preservando o corpo",
disse o capitão.
Durante o socorro, mais dois cães foram mortos a tiros ao tentar
atacar os PMs e outros três se refugiaram no canil. Mãe do garoto, a
doméstica Rita de Cássia Teixeira dos Santos, 50, conta que viajaria com
o filho para ver os fogos em Copacabana, no Rio de Janeiro, na virada
do ano. "Sábado iria para o Rio de Janeiro. Estou com a mala arrumada,
tudo pronto, mas agora acabou. Não tem mais viagem. Só meu filho que
viajou sem mim", disse.
A doméstica afirmou que o filho acordou, tomou um iogurte e foi com
ela à casa de amigas no horário do almoço. "Depois, vi que ele estava
com uma pipa com outras crianças, mas não esperava que ele fosse vir
para cá. Eu não deixava ele ficar solto na rua", disse Rita. Rita teve
cinco filhos e, além de Luiz, perdeu outro, quando o rapaz tinha 24
anos, por causa de um mal súbito. Restaram três mulheres.
Cunhado do garoto, o segurança Maurício Desidério Arcanjo, 42 anos,
disse que todos foram pegos de surpresa. "Estávamos numa reunião de
família na zona leste e ela [Rita] ligou para a minha mulher e disse
'seu irmão morreu'. E a gente 'como assim, ele morreu', mas ela não
conseguia falar", disse. "Não conheço o local, mas como uma criança de
10 anos iria pular um muro desses? Só se estivesse aberto em algum lugar
e, se for isso, acho muito errado. É um terreno baldio, não tem nada
para ser roubado, então qual a necessidade de se ter cachorros como
esses", questiona o cunhado do menino.
O segurança diz que Luiz Fernando era como qualquer criança de sua
idade. "Por viver em apartamento, ele saía pouco. Mas quando tinha
oportunidade, ele gostava de brincar." A PM tentou contato com os
responsáveis pelo terreno, mas ninguém foi ao local até a publicação
desta reportagem.
Fonte: FolhaPress
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